1. A nota de final de curso e do EIVP devem ser o grande foco do currículo: Principalmente quando são recém-licenciados. Em primeiro lugar, para efeitos de simplificação deste post, vamos chamar EIVP ao Estágio de Integração à Vida Profissional, que uma pessoa até se cansa de ler um nome tão comprido. Posto isto, estas são as duas coisas que mais vos vão perguntar numa entrevista de emprego, portanto se tiverem isso bem destacado melhor para vocês, já facilitam o vosso próprio processo de recrutamento.
2. Se já têm uma especialização em alguma área de Enfermagem, isso deve constar logo a seguir: Este é bastante self-explanatory, se já têm uma Especialização em Saúde Materna, Reabilitação, etc., deve constar logo a seguir à nota de curso e EIVP, sobretudo se a área à qual se candidatam faz parte da vossa área de especialidade - acho que é este o objetivo de tirar uma especialidade, mas fica aqui reforçado.
3. Não escrevam lá TODOS os estágios que já realizaram: I mean, porque é que haveriam de fazer uma coisa dessas sequer, já toda a gente sabe que os alunos de Enfermagem têm montes de estágios ao longo do curso, isso não é algo que vos destaque. Eu sei, querem mostrar que, apesar de terem zero experiência profissional, já têm uma vasta experiência académica, mas isso acaba por ter o efeito oposto - tantos ensinos clínicos enumerados só baralha a entidade empregadora, o que faz com que esta vos exclua logo (até porque, lembrem-se, um currículo deve demorar 2 minutos a ser lido, e deve ser possível conseguir lê-lo na diagonal para os empregadores mais preguiçosos). Aquilo que é preferível fazer: escolher apenas colocar alguns estágios, dependendo do local de trabalho a que se vão candidatar. Por exemplo, se se vão candidatar a uma Estrutura Residencial para Idosos, escolham um estágio que realizaram aí. Se querem ir para Maternidade, escolham o respetivo ensino clínico. Se, por acaso, o vosso local de trabalho pretendido coincide com o local do vosso EIVP, nesse caso já não precisam de acrescentar nada. É por isso que dizem que o vosso currículo tem que ser diferente para cada instituição, por causa destes pequenos detalhes, não se vão candidatar a um McDonalds com um currículo de Engenharia, assim porque é que se canditariam a um serviço de psiquiatria com o um currículo todo com Reabilitação? Para alguma coisa serve o certificado detalhado de curso, se quem vos contratar quiser ver TODOS os vossos ensinos clínicos, que vá aos anexos.
4. Não percam muito tempo com os seminários académicos: Bad news para a malta que andou na faculdade a colecionar certificados de presença em seminários - as entidades empregadoras não ligam patavina a isso. É que nem se dignam a colocar-lhe os olhos em cima. Eu nem sei porque é que me dei ao trabalho de colocar estes seminários no meu currículo, aliás, nem uma alminha os leu. A verdade é que os empregadores assumem que todos os estudantes com o mínimo interesse pelo seu curso nutrem uma curiosidade por formações muito além do plano curricular base.
5. Nos anexos basta constar o vosso certificado de curso e o comprovativo da Cédula Profissional: Esqueçam o resto. Nada de certificados de seminários, comprovativos de empregos anteriores, etc. Se o recrutador desejar ver isso, ele pede e aí vocês mostram. Pela minha experiência, têm funcionado o princípio de boa-fé, simplesmente assumem que não estão a mentir sobre os locais onde trabalharam e que atividades extra-curriculares em que já participaram. Só precisam destas duas coisas nos anexos. Atenção que o vosso certificado de curso deve ser o detalhado, como já referi no ponto 1, para ser possível ver que nota tiveram em todas as unidades curriculares e ensinos clínicos.
6. Destaquem todos os projetos e voluntariado em que participaram: Por outro lado, todos os projetos, voluntariado e concursos em que participaram fazem logo os olhos dos recrutadores brilharem. Em muitas entrevistas de emprego a que fui elogiaram o facto de eu ter participado num concurso de inovação em saúde (este, para quem já não se lembra) e de ter sido voluntária num lar de idosos. São este tipo de atividades que vos tornam logo em candidatos únicos. Claro que depende muito das atividades que escolheram desenvolver enquanto estudantes, não caiam na ilusão que ter sido o presidente de uma associação académica vos oferece algum tipo de notoriedade, infelizmente, todos sabemos que a maior parte das vezes as associações académicas só querem saber de festas. Escolham aquelas que mostrem que não são apenas ótimos enfermeiros, mas ótimos seres humanos, adultos responsáveis, competitivos, altruístas, ambiciosos... Aproveitem este espaço basicamente para mostrar o que são fora das paredes do mundo de saúde.
7. Se falarem alguma língua estrangeira, coloquem lá: Infelizmente, eu sou fluente em inglês e um zero à esquerda nas restantes línguas. Porém se, ao contrário de mim, sabem falar línguas como alemão e francês, coloquem no currículo imediatamente! Desenganem-se quem pensa que este item é apenas para quem pretende emigrar, há cada vez mais recrutadores de Enfermagem a procurar estas características em enfermeiros aqui em Portugal, porque ainda são muito difíceis de encontrar. Por exemplo, no SNS24 quem souber falar Francês têm logo uma vantagem imensa sobre os restantes enfermeiros.
8. O mesmo para a língua gestual: É outra falha na minha educação superior, sinto que isto devia ser mais incluído nos programa base dos cursos de Enfermagem. Quantas vezes já fiquei meio abananada por me ter aparecido uma pessoa com necessidades especiais no meu serviço de internamento e eu não conseguir comunicar com ela, pelo menos não de forma 100% eficiente. Se nós, enfermeiros, pretendemos ser verdadeiramente inclusivos como manda a nossa profissão, deveríamos também saber comunicar com estes grupos, mesmo que se tratem de minorias. Anyway, se tiverem esta competência, já sabem, mais pontos a favor.
9. Imprescindível especificar o nível de conhecimento em Informática: Por incrível que pareça para as pessoas fora da área, Enfermagem é uma área muito ligada aos sistemas informáticos de registo e informação. Portanto, não descuidem esta secção do currículo nem muito menos retirem-na, por achar que todos os jovens possuem conhecimentos nesta área. É um pouco difícil avaliar o nível de conhecimento de Informática assim de cabeça, por isso utilizem o criador de CV do Europass para isso, só para ter uma noção, não precisam de utilizar necessariamente o Europass para todo o currículo, infelizmente ele já está muito outdated (e desde aquela nova atualização de julho é que foi a desgraça, agora está completamente obsoleto). Com esta ferramenta, vão-se surpreender com o conhecimento que podem ter sem saber. Por exemplo, eu a nível de criação de conteúdo, por ser blogger, já sou uma utilizadora independente. Imaginem então uma pessoa como um programador nos tempos livres.
10. Apresentam toda esta informação em forma de tópicos: Eu juro que foi isto que me disseram mesmo no workshop de currículos a que fui na faculdade, não é manhosice minha - embora não possa, obviamente, esconder o meu agrado quando descobrir que poderia fundir a minha imagem de marca com a minha imagem profissional. Como já devem ter percebido por esta publicação, mesmo tentando ao máximo sermos sucintos com aquilo que colocamos, ainda assim, no final, vai parecer muita informação. Imaginem então se colocassem tudo em prosa. Os tópicos são mesmo os vossos melhores amigos, se puderem colocar listinhas em todas as secções fica tudo mil vezes mais apelativo. Eu na parte do resumo da minha vida académica e profissional até ao momento até coloquei uma cronologia (o desenho mesmo, com a barrinha e tudo), acho que ficou super engraçado e fácil de entender o meu percurso.
E estas são as dicas que tenho para partilhar. Sintam-se livres, caros colegas enfermeiros da blogosfera, para partilhar as vossas sugestões comigo, até porque eu ainda só trabalho há 8 meses, ainda sou bastante nova nisto e é normal que o meu currículo, daqui a alguns anos, já tenha uma organização completamente distinta da atual.