Livro: Becoming

Durante os dois mandatos de Barack Obama, eu vibrei com tudo. Nunca me senti tão entusiasmada pela política como naquela altura, e isso diz mesmo muito dele enquanto Presidente dos Estados Unidos, porque conseguiu cativar a atenção dos mais jovens, até a minha que, na altura, ainda andava no Básico. A sua mulher, Michelle Obama, foi a primeira-dama mais ativa que eu já vi. Todos sabemos que o papel da primeira-dama é algo muito ambíguo, não é considerado propriamente um título nem um cargo, motivo pelo qual muitas mulheres, no passado, estiveram nele de uma forma mais passiva. No entanto, a Michelle Obama aproveitou este seu "lugar" para obter a atenção do povo para várias iniciativas que mudaram a América sem nunca, ao mesmo tempo,  ofuscar o Obama. 

É então, estranho até que eu não tenha pegado neste livro mal este foi lançado, no entanto, aqui estou eu hoje, para falar dele, e tenho muito para dizer!

Sinopse

Nas suas memórias, a sua obra de reflexão mais profunda e uma narrativa fascinante, Michelle Obama convida os leitores a entrar no seu mundo, relatando as experiências que a moldaram, desde a sua infância na zona sul de Chicago, passando pelos anos como executiva, equilibrando as exigências do trabalho com a maternidade, até ao tempo passado no endereço mais famoso do mundo. "Becoming" é um relato íntimo de uma mulher que desafiou todas as expectativas. 

A minha opinião

Este livro, ao contrário daquilo que eu esperava (e um dos meus receios), não é sobre política, é sobre a vida da Michelle Obama desde a sua infância até ao ano de 2017, incluindo várias reflexões sobre diversidade, opressão, o equilíbrio entre a maternidade e a vida profissional, a influência que a política pode ter na vida privada de uma pessoa, e tudo aquilo que comanda a sua existência como a primeira-dama negra, mulher e mãe.

O livro está dividido em três partes: "Becoming Me" (que fala de toda a sua infância e adolescência, até chegar à idade adulta), "Becoming Us" (que explora o começo da sua relação com Barack Obama e, mais tarde, o início da sua vida conjunta) e "Becoming More" (que começa com a chegada do Obama à presidência até ao fim do seu segundo mandato).  Cada parte surpreendeu-me à sua maneira. A primeira porque, embora já tivesse a noção que a ex primeira-dama nunca cresceu num meio propriamente privilegiado, não sabia que era assim tão pobre - e o facto de, mesmo assim, ter conseguido construir um percurso académico impressionante é tão wow. A segunda parte porque teve a coragem de confessar publicamente que, em muitas vezes, sentia muitas saudades do Obama e, o seu eu mais egoísta desejava que nunca tivesse ido para a política - algo que muitos consideram demasiado carente, mas quem, no lugar dela, não desejaria isso, uma vida mais estável, com o marido em casa a horas? A terceira parte por revelar todo o esforço de backstage para lançar todas aquelas iniciativas que lançou como primeira-dama, incluindo todas as inseguranças que isso lhe causava. 

A linguagem do livro é muito mais simples do que seria de esperar tendo em conta a densidade do mesmo. Ao lê-lo, sentimos que estamos a falar com uma amiga num café que nos inspira imenso e nos motiva a lutar pelos nossos objetivos, mesmo quando a sorte parece não estar do nosso lado. "Becoming" é, portanto, tão inspirador como promete ser, e toda a hype que se criou é muito justificada.

A única coisa má que tenho a apontar não tem propriamente a ver com a biografia em si, mas sim com a edição portuguesa. A tradução, embora esteja bem feita, deixou passar ao lado alguns erros ortográficos que eu considero graves, não pelos erros em si (que não prejudicam a compreensão), mas pela sua abundância. 

Li este livro através da biblioteca municipal da minha cidade, porém quero mesmo comprá-lo assim que puder. Para, nas mais variadas situações, poder responder à pergunta "O que a Michelle Obama faria se estivesse no meu lugar?" (algo que já dou por mim a pensar muitas vezes). Além disso, satisfez imenso a minha curiosidade sobre a vida do casal Obama. Sempre me questionei "Como é que alguém chega a Presidente dos Estados Unidos?". No caso deles, foi a vontade de mudança. No caso do Trump, não se entende muito bem, e espero que os americanos, desta vez, tomem uma melhor decisão. 

Livro: Wook; Bertrand.

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