As produções espanholas, ultimamente, estão em alta na Netflix, e não deixam de surpreender. Mesmo com um orçamento mais reduzido, arrebatam o público pela sua forma crua de abordar as coisas. A "Plataforma" é uma das entradas mais recentes no catálogo da Netflix que, em poucas semanas, chegou logo às mais visualizadas, e percebe-se porquê.
Sinopse
Uma prisão vertical é regida por um mecanismo vertical, uma plataforma, que sai do piso 0 com um grande banquete. Cada nível tem dois prisioneiros e a fonte de comida imprevisível conforme o nível em questão.
A minha opinião
Desde logo, se estão à procura de um filme que vos faça esquecer o caos em que vivemos atualmente, esta não será a melhor escolha. Aviso também que "A Plataforma" pode ser nojento e pertubador - não serão poupados até dos detalhes mais sórdidos. Mas mesmo com estas condicionantes que podem afetar as pessoas mais sensíveis, merece mesmo ser visto, façam-no se puderem!
Como podem ler na sinopse, o conceito deste thriller é bastante simples, e uma alegoria bastante direta daquilo que a nossa sociedade é - só não compreende quem não quer. A condição humana aqui é ameaçada, não surpreeendentemente, por humanos. Os dos níveis mais elevados alimentam-se como reis, deixando os níveis mais abaixo com (quase) nada. Além disso, para agravar as coisas, ninguém sabe ao certo quantos níveis esta prisão tem e, por conseguinte, quantas pessoas dependem dos míseros restos de comida deixados por aqueles dominados pela ganância e irracionalidade.
Como se estar na prisão já não fosse suficientemente difícil - como diria o filósofo francês Jean-Paul Sartre, "O inferno são os outros" - ainda há outra variante: a plataforma só está em cada piso por 2 minutos, e toda a comida tem de ser devolvida ao fim desse tempo, senão há ameaças de morte (o respetivo nível aquece ou arrefece para os extremos), o que faz com que os prisioneiros se atirem violentamente à comida. Isto, claro, os que têm oportunidade de o fazer. Outro dos parâmetros mais flagrantes é que, todos os meses, as pessoas mudam de nível: tanto podem ir parar aos mais elevados como os mais baixos. De qualquer das formas, os valores morais são sempre abandonados.
Há uma frase durante o filme que me ficou na cabeça: " Se todos comessem apenas aquilo que precisavam, a comida chegaria até aos níveis mais baixos" (aliás, pensei nisso mesmo antes da própria personagem que o disse). O problema é que isso não acontece, nem na história, nem na vida real.
No início de "A Plataforma", conhecemos um dos prisioneiros, Goreng, que acaba de chegar, por vontade própria (!), a este meio completamente cruel. Conhecemos ainda o seu companheiro da cela, Trigamasi (que tem um vício em dizer "óbvio", um dos poucos momentos cómicos para cortar um bocadinho o ambiente pesado do enredo), que anseia desesperadamente o fim da sua estadia. ali. Trigamasi aparece-nos, numa primeira parte, como um velho sábio, que fornece todas as informações sobre a prisão ao seu companheiro recém-chegado - funciona como um elemento de exposição para compreendermos e nos envolvermos com a trama.
À semelhança do protagonista, quanto mais percebemos a dinâmica da prisão, mais inquietos ficamos. A certa altura, a nossa cabeça começa a ficar às voltas com o egoísmo doentio que se revela. Em Goreng, vemos a sua mentalidade a entrar em mutação, a pensar em como irá sobreviver ou como irá quebrar o sistema.
Toda esta curta-metragem está envolta em muitos simbolismos, todos livres para muitas interpretações, tanto religiosas, como políticas ou relativas a meritocracia. A visceralidade das cenas foi necessária para realçar todos estes simbolismos, e o final, então esse, foi assombroso e gerador de ainda mais teorias!
De todas as formas, todos os que virem "A Plataforma" terão uma interpretação em comum: esta é uma denúncia implacável do individualismo exacerbado que existe no mundo. Recomendo muito!
Não sou apreciador de filmes nem de séries. E nojentos então...
ResponderEliminarGosto sim de documentários, género Odysseia, Discovery, Wild...
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Saudações poéticas
Bom fim de semana.
São gostos, há quem não goste muito de ficção :).
EliminarGostei da publicação, mas o meu tempo para filmes é quase zero!
ResponderEliminar-
Estória esculpida no meu coração
Beijos. Bom fim de semana!:)
Há uns tempos, a minha afilhada aconselhou-me este filme, mas ainda não tive a oportunidade de ver. Ainda assim, a curiosidade é imensa!
ResponderEliminarcá em casa já vimos esse filme e gostámos imenso :)
ResponderEliminarbeijinho
https://dreamsprincess20160.blogspot.com/
Olá Cherry,
ResponderEliminarAh não é um filme do gênero que eu assisto, mas anotei a dica!!
Um beijo,
www.purestyle.com.br
Apesar de tudo, é um filme que retrata plenamente a nossa sociedade.
ResponderEliminarHouve uma parte em que e estive tentada a desistir de ver, mas mesmo assim insisti e valeu bem a pena.
Eu não, eu tinha logo vontade de ver tudo do início ao fim!
EliminarGostei do filme esta incrível, mas estava a espera de outro final
ResponderEliminarRêtro Vintage Maggie | Facebook | Instagram
Oi!
ResponderEliminarAssisti assim que estreou em março e fiquei bastante impactada.Aqui em casa levantamos várias hipóteses sobre o que realmente o filme queria dizer.
As produções espanholas realmente são ótimas!
bjinhos
Nunca vi, mas fiquei curiosa!
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Eu já ouvi falar muito bem desse filme, mas ainda não assisti. Preciso mudar isso logo!
ResponderEliminarBeijo.
Cores do Vício
Apesar de tudo, na ficção, todos têm uma hipótese de ir para outros níveis, na vida real nem sempre...
ResponderEliminarMas olha que me parece um filme bom para ir para a minha lista :)
É verdade, é uma boa reflexão :).
EliminarJá o vi, o filme é excelente, e como diz uma metáfora perfeita para o nosso modo de desegornalização social. É acutilante e ao mesmo tempo terno.
ResponderEliminarAssisti ele uns meses atrás e amei ♥ Uma forte critica social!
ResponderEliminarwww.blogflorescer.com
Já vi este filme e gostei imenso. É um espelho da sociedade sem dúvida nenhuma, porque muitos só querem para eles e não deixam nada para os outros - vimos isso mal começou a quarentena, quando toda a gente virou louca nas compras -, e caramba, seria tão mais simples se partilhássemos tudo uns com os outros, se houvessem limites. Um bom filme, sem dúvida!
ResponderEliminarNem tinha pensado nessa comparação à quarentena, mas caramba, como é verdade!
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