É cada vez mais difícil não usar superlativos para descrever este ano. 2020 tem sido o mais difícil, o mais desafiante e um dos piores que eu já vivi (não o pior, esse foi em 2013). E se eu digo isto, na minha posição privilegiada, em que até tido uma sorte tremenda - fui capaz de acabar o curso, arranjar emprego (also, numa profissão que terá sempre emprego nem que estejamos no meio de um apocalipse) e tenho todos ao meu redor de boa saúde, não imagino a dor daqueles cuja sorte não os favorece tanto.
Já passaram 10 meses, e 7 destes foram vividos em pandemia. 2 deles em confinamento, os mais lentos a passar (juro que pareceu anos), mas de abril a novembro parece que passou tudo num piscar de olhos.
Todos nós saímos desta quarentena com imensos desejos. Que iríamos passar dias sem parar em casa. Que iremos voltar a lanchar nos cafés de sempre com as nossas pessoas. Que voltaríamos às loucas festas de fim de semana. Que iríamos imensas vezes ao cinema. Que visitaríamos, beijaríamos e abraçaríamos todas as pessoas de quem tivemos saudades. Que iríamos viver da forma mais louca, mais do que nunca. Nada nos iria impedir. Todos nós acreditamos, queríamos acreditar que mal o confinamento acabasse tudo voltaria ao normal (até eu, que sou da área da saúde). Esquecemo-nos que, por muito que isso fosse o mais correto, nenhum país conseguiria estar em quarentena o tempo suficiente para o vírus desaparecer por completo.
Sinto que, nestes meses de verão, o grande problema das pessoas foi ajustar estas expetativas. Português que se preze glorifica o verão, e nada podia parar, nem no meio de uma pandemia. As praias estiveram cheias, os emigrantes regressaram na mesma em força, os bares e discotecas surpreendentemente estiveram em alta na mesma (nem com o seu horário de pastelaria - I guess que não estavam mesmo a brincar quando disseram "se tiver que me embebedar às 10 h da manhã é o que vou fazer"), os nossos feeds estiveram cheios de todas as saídas possíveis e imaginárias e, no meio disto tudo, as notícias de Covid ficaram escondidas lá bem no fundo. Com tanta alegria e sol não deu para notar, mas a pouco e pouco estávamos a fazer a cama do cenário que temos agora: quase 4000 casos por dia, mais do que tínhamos em abril.
Espera-nos um Inverno difícil. Não vai voltar a haver uma quarentena (pelo menos, não com a dimensão temporal da primeira, que já nenhuma economia de nenhum país aguenta isso) para nos controlar. Temos de reajustar as nossas expetativas. Pensar naquilo que ainda podemos fazer em vez de naquilo que não podemos fazer - e não naquilo que queríamos mesmo fazer (e que sentimos que foi novamente retirado de nós), que não nos sentimos confortáveis a fazer (mas que queríamos fazer por pressão dos outros ou das redes sociais) ou não nos sentimos preparados para fazer. Acima de tudo, aceitar que as nossas rotinas de inverno, do Natal e do Ano Novo não serão as mesmas em 2020.
Ainda existe muito "normal" nas nossas rotinas. Ainda vamos ter refeições saborosas no refúgio da nossa casa. Ainda vamos ter o conforto das mantinhas. Ainda vamos adormecer ao som da chuva. Ainda vamos sair para o trabalho e sentir o cheiro a terra molhada. Ainda vamos ter leituras aconchegadoras. No natal, ainda haverão luzinhas, filmes da Disney, doces e prendas (nem que as mesmas sejam entregues às distância). Só é preciso um bocadinho de mais esforço para encontrá-lo.
Confesso que estou muito apreensivo em acreditar no seu ... " Ainda vamos ter ..."
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Saudação amiga
Abraço
Olá minha querida Cherry! Alguns dizem que esta pandemia vai mudar as pessoas, outras dizem que não, eu acho que alguma coisa vai ficar de tudo isto porque que passamos.
ResponderEliminarAcho que todos "perto" teve alguém que este bicho feio atacou e quem sabe hoje, amanhã ou depois não nos vai atacar a nós?
Agora, temos que continuar a viver! Não sei como vai ser o Natal, mas mesmo que tenhamos que estar longe uns dos outros, tão rápido ninguém vai esquecer...
Mais uma razão para fazer desta quadra, um momento ainda mais especial!!
Este final do ano de 2020 para mim vai ficar marcado por um acontecimento especial... em breve direi o que será!
Beijos e abraços.
Sandra C.
Bluestrass
Depende das pessoas, umas vão esquecer, outras talvez ganhem novos conhecimentos com esta experiência negativa.
EliminarEstarei atenta :).
Temos, cada um, ed fazer a nossa obrigação. Para ver se a coisa acalma!
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"É preciso acreditar em bons ventos"
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Beijo, e uma boa noite!
Um ano atípico, também fui das que acreditou que até ao fim do ano estaríamos bem. Inocente!
ResponderEliminarResta-nos cumprir as regras, pensarmos em nós e nos outros. A verdade é certa, se todos fizéssemos esse esforço, sairíamos disto mais rápido, mas enquanto remarmos uns para cada lado, não vai ser possível.
Vamos ter esperança e vamos tentando encontrar conforto em tudo o que é agora "normal".
Um ótimo mês para ti <3
Pois, o problema é mesmo esse :(
EliminarPara ti também <3.
O ano 2020 foi tão marcante como prometeu mas pelos maus motivos. Porém não estou nada otimista para o primeiro trimestre. ACho que vai ser bem pior do que foi até agora. :(
ResponderEliminarInfelizmente és capas de ter razão, mas agora é um dia de cada vez :).
EliminarSe todos cumprirmos com a nossa parte, mais depressa nos livramos desta pandemia.
ResponderEliminarBeijinho
O otimismo ainda não paga imposto, mas começo a ter alguma dificuldade em acreditar que isto um dia vai fazer parte das nossas memórias.
ResponderEliminarTodas as pandemias acabam, esta não vai durar para sempre, a questão aqui é quanto tempo mais vai durar.
EliminarCuidados redobrados e muita esperança. Bjs
ResponderEliminarGostei bastante do artigo, muito bom mesmo! Estou amando ler seus artigos e compartilhar com os amigos!
ResponderEliminarMeu Blog: Resultado do Goiás da Sorte
Ola. Eu acompanho o teu blog por causa da licenciatura em enfermagem e fico-te eternamente agradecida por teres dado aqui umas luzes :)
ResponderEliminarGostaria de saber se podes também fazer um post como está a correr o trabalho na tua área onde falasses nos seguintes tópicos:
- quanto tempo levas-te à procura de emprego na tua área?
- quais são as perguntas que fizeram-te na entrevista de emprego?
- quanto tempo durou o contrato?
- o que aprendes-te enquanto profissional?
- quais são os pontos negativos e positivos?
- Notas muita diferença entre o trabalho e enquanto andavas a estudar?
- Qual foi o lugar de trabalho onde gostas-te mais de trabalhar: fazer enfermagem ao domicílio? Num hospital? Num centro de saúde? Numa clinica? Outro? Qual? Como correu a tua experiência em cada um deles?
- Qual é a tua especialidade? Podes falar um pouco dela?
Só são algumas ideias de tópicos, se poderes falar de noutros tópicos ligado ao mercado de trabalho era muito bom, toda a informação é bem-vinda!
Gostaria muito que mostrasses a realidade da enfermagem no mercado de trabalho. Ajudarias não só a mim mas também a mais pessoas!
Beijinhos
Olá, muito obrigada pelas sugestões, já tinha alguns posts sobre Enfermagem em rascunho, mas deste-me novas ideias sobre aquilo que os alunos de enfermagem/enfermeiros gostariam de ler, todas muito on point, vou considerar sem dúvida :).
EliminarBeijinhos
Olá! Muito obrigada por teres respondido :)
EliminarDe nada! Beijinhos
Nunca tive a ilusão de que estaríamos bem até ao final do ano. No entanto, acreditei que talvez esta pandemia nos tornasse melhores enquanto sociedade e que isso seria meio caminho andado para tudo ficar bem. Enganei-me à grande, está tudo pior e as pessoas a mostrar cada vez mais o seu lado mais feio. Estou cansada desta pandemia, das opiniões, das pessoas em geral. Mantenho-me na minha vida, com as minhas medidas de protecção, faço o que posso e consigo e tento ignorar este tsunami de insurgência contra tudo e todos nesta altura em que devíamos remar todos para o mesmo lado.
ResponderEliminarTambém eu, mas as pessoas parece que sabem ainda menos do que em março :(. Nunca mais passa...
Eliminaramazing looking awesome
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