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25.5.18

Não somos extraordinários

 Não somos extraordinários

Estamos a caminhar para uma sociedade em que ser uma pessoa comum se está a tornar em algo negativo. Dizerem que temos uma vida ordinária começa a soar a insulto. Ter uma vida normal é a nova forma de fracasso. Mais valia sermos falhados, no verdadeiro sentido da palavra, porque assim não estaríamos a ser ignorados (embora não pelos melhores motivos). Todos nós queremos acreditar que estamos destinados a fazer algo incrível. A nossa cultura está a fazer com que acreditemos nisso. As celebridades dizem isso. Os políticos dizem isso. Os empreendedores dizem isso. Até os psicólogos nos fazem acreditar nisso. Porém, esta cena de "todos nós estamos destinados a ser espetaculares e a realizar grandes feitos" são apenas paninhos quentes que gostam de nos dar para nos consolar. 

Acreditamos frequentemente que, se não queremos ser os melhores em algo, estamos resignados com o mediano e que, portanto, nunca iremos atingir nada, porque estamos a aceitar a mediocridade. Este tipo de pensamento é perigoso, quase tóxico. Estamos a reduzir-nos a estatísticas. Validamos os nossos feitos por comparação. Estatisticamente falando, têm que existir pessoas medianas para podermos quantificar  as pessoas extraordinárias. Estamos, basicamente, a aceitar o facto de que, para sermos extraordinários,  mais metade da população mundial tem que fracassar. 

Na verdade, nem todos nós podemos ser extraordinários. Aliás, isso por si só até uma contradição. Se fôssemos todos extraordinários, ninguém seria extraordinário, porque ser extraordinário é ser fora do normal, e não o poderíamos sê-lo se ser excecional fosse o novo normal. Na verdade, ninguém é verdadeiramente extraordinário.

A maior parte de nós somos medianos na maior parte das coisas que fazemos. Mesmo que sejamos excecionais numa coisa, o mais provável é que sejamos medianos ou mesmo fracos em todas as outras áreas da nossa vida. É uma verdade crua da vida. Para sermos muito bons em algo, temos que lhe dedicar imenso tempo, o que significa que depois não teremos tanto tempo disponível para dedicar a outras coisas. Grandes génios como Einsten eram péssimos em manter relações com as pessoas que lhe estavam mais próximas, por exemplo. Somos seres com tempo e energia limitada. 

Não somos especiais. As nossas ações não são assim tão importantes quando avaliamos o mundo no seu todo. São apenas uma gota na imensidão que é um oceano. A nossa vida não vai ser tão espetacular como nos pintam, vai ser aborrecida a maior parte das vezes. Assim como nós. Vai existir sempre alguém que sabe mais do que nós, que tem algo que nós não temos, assim como nós sabemos coisas que outras pessoas não sabem e temos coisas que outras pessoas não têm. 

Ter uma vida ordinária não é um insulto, é aquilo que todos nós temos. Faz parte de ser humano. Ser humano não é querer ser melhor do que ninguém. É querer viver todas as experiências da vida em plenitude. As boas, as más e as neutras. Por isso, em vez de andarmos a correr atrás do extraordinário, comecemos antes a celebrar as nossas características únicas e a abraçar a magia que é estarmos vivos.

22 comentários:

  1. Verdade. Nós só somos especiais para aqueles que amamos e que nos amam. Sejamos, portanto, a melhor versão de nós mesmos e já não será nada mau.

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  2. É importante dedicarmo-nos de corpo e alma às coisas que fazemos, mas sem termos a pretensão tóxica de sermos extraordinários em todas elas, até porque isso não acontecerá. Para acontecer, tínhamos que ser dotados de uma grande mestria e sermos perfeitos - algo que ninguém é, por mais que tente. E não há mal nenhum nisso, desde que continuemos fiéis aos nossos valores e às nossas convicções.
    Claro que não nos devemos conformar e devemos fazer por sermos sempre a nossa melhor versão, mas isso não significa que termos uma vida mediana é mau. Faz parte. Acho que isto faz tudo parte de um processo de aceitação pessoal. Quando o conseguirmos completar, deixaremos de nos preocupar com estes rótulos e estas metas ilusórias.

    Gostei imenso do texto!
    Beijinhos*

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    1. Andreia, gosto sempre de ler os teus comentários, fazes sempre reflexões boas acerca de todos os textos que comentas :)
      Dedicarmo-nos a ser a nossa melhor versão, sem competições, é mesmo o melhor caminho a seguir
      Obrigada :).
      Beijinhos

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  3. Bom dia. Cada um, tem a obrigação, de fazer com que sejamos melhores. Adorei o texto.:))

    Hoje, do Gil António que por motivos de trabalho não pode, por enquanto, visitar-vos:- Amor nas entrelinhas do coração.

    Bjos
    Votos de um óptimo Sábado

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  4. O normal ou ordinário são modelo pré supostos da sociedade. Cada um tem o seu ordinário ou seu normal. O meu normal pode ser diferente do que tu consideras normal. Por isso todos nós temos uma vida singular.

    O que quero dizer com isto é que o ordinário, normal, especial ou diferente é aquilo que nós quisermos definir. Somos donos de nós próprios e o que interessa é estarmos confortáveis e felizes com aquilo que somos e como vivemos. Seja de forma normal ou anormal haha :)

    Beijinhos.
    CoolKiddo.pt

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    1. Verdade, não passam de construções sociais. Nem mais :).
      Beijinhos

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  5. A tua foto expressa perfeitamente as tuas palavras, e texto está magnifico, cada um é como é temos de ser todos os dias melhor temos de ir crescendo e aprendendo mas com honestidade e humildade. O que nos distingue é lindo, todos somos diferentes e isso tem sentido.

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    1. Obrigada :). Também gostei muito desta foto: a pessoa que está na foto parece normal e especial ao mesmo tempo, e era isso que queria transmitir, que ninguem é extraordinario, somos especiais à nossa maneira.

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  6. É mesmo verdade. As pessoas estão sempre a querer mais e mais. Acabamos por nunca dar valor ao que realmente temos, valorizando sempre mais e mais o que ainda nos falta ter. O cúmulo disto é que a pergunta mais frequente é "tudo bem?" quando na verdade nem pensamos na resposta ou nem a ouvimos do outro lado. Perguntamos facilmente onde trabalha, quais os estudos da pessoa, como se isso a definisse. Por oposto, se alguém nos pergunta se somos felizes parece louco/a. Se dizemos que somos felizes a repor num armazém ou a limpar uma loja, somos vistos como pequenos. Pois então se fossemos todos psicólogos, o que seria do resto do mundo?! Há que valorizar mais as pequenas coisas.

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    1. Exatamente, não somos todos obrigados a ambicionar as mesmas coisas, e a sociedade tem que parar de dizer aquilo que é ou não uma profissão invejável,todas as profissoes fazem falta.

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  7. Olha aqui está uma verdade muito verdadeira -- algo de que o meu subconsciente já suspeitava. Não existe nada de errado em sermos ambiciosos, em querermos sempre ser mais e melhores e trabalharmos para isso -- Cristiano Ronaldo que o diga. Mas nem todos temos de ser assim. Alguns de nós apenas querem viver uma vida tranquila, sem grandes agitações, ter um emprego confortável, ver Netflix e estar com a família e amigos nos tempos livres -- e não existe nada de errado nisso.

    Por exemplo, suponho que se alguém de fora olhasse para a minha vida nesta altura -- farmacêutica durante o dia, blogger durante a noite (de um blogue que não é propriamente viral) -- achá-la-ia uma seca. Mas eu, na verdade, sinto-me mais feliz neste momento, com esta vida, do que me sentia há anos. Não garanto que me sentirei sempre assim, mas para já não preciso de muito mais.

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  8. Great post darling! Have a nice weekend! <3

    Malefica

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  9. Disseste tudo e não tenho muito a acrescentar ao que escreveste.
    Acho que o mais importante é forcarmos-nos no que nos faz feliz, no que acreditamos e mantermos-nos fiéis ao que somos, aos nossos valores. E aceitar que as coisas não correm sempre bem, mas também não correm sempre mal.
    Acho que cada vez mais, o ser humano tem receio de falhar e não entendo porquê. É normal, não somos perfeitos e falhamos. Falhar é normal e é absolutamente aceitável. Não somos menos do que ninguém por isso. Mas as pessoas andam cada vez mais centradas em ter a vida perfeita, parece que competem para ver quem é mais feliz. O que é estúpido, visto que temos ambições diferentes.
    O teu último parágrafo resume tudo. "(...) em vez de andarmos a correr atrás do extraordinário, comecemos antes a celebrar as nossas características únicas e a abraçar a magia que é estarmos vivos."

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    1. Acho que são as redes sociais que estão a aumentar esse receio. Cada vez mais temos a pressão de estarmos a ser observados não só por aqueles que estão fisicamente perto de nós, mas também pelo resto do mundo. Daí o receio. Mas falhar faz parte da vida e se não falharmos, nunca aprendemos nada.

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  10. Sinto este tipo de pressão por parte dos meus pais. Tenho 26 anos, sou médica veterinária vou comprar a minha casa e casar, tenho dois gatos e um cão. Para eles, isto é igual a estar a assentar e a desistir dos sonhos da minha vida. É dedicar-me à mediocridade.
    Um beijinho grande*
    Vinte e Muitos
    Unike Store Peças únicas, para mulheres únicas!

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    1. Não há mal nenhum em assentar, assim como também não há mal nenhum em nao querer assentar :). Cada um tem que fazer da sua vida aquilo que lhe trouxer mais felicidade.
      Beijinhos

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  11. Concordo com o que aqui escreveste! Acho que somos demasiado pressionados para nos destacar seja em que área for, o que parece tornar a vida em algo que não seja uma competição.
    Eu prefiro dedicar-me ao que gosto e dando o melhor que posso pela realização que tal me traz do que para ser melhor que o 'comum dos mortais'.
    Devemos aceitar o modo como somos e aquilo que alcançamos, sabendo reconhecer se podemos fazer melhor mas apenas pelo que isso nos traz de felicidade intrínseca.
    Beijinhos

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  12. Gostei imenso do post, é algo que nos faz pensar..
    Beijinhos,
    https://chicana.blogs.sapo.pt/

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  13. É verdade, estamos numa sociedade que o que está a dar é ser-se diferente, quase nem interessa se é pela positiva ou pela negativa, interessa é sermos diferentes dos outros todos e fazermos algo que marque. Se calhar temos de virar todos youtubers, por exemplo, afinal está na moda.

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  14. Acho que temos de ser especiais para nós próprios, realizar dentro do nosso quotidiano e não em perspectiva da vida dos outros... ter ambição é bom, mas conhecer o limite dela é ainda melhor, evita muita dor e desilusão a nós próprios, porque aos outros... enfim... Os outros são os outros...

    Beijinhos

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