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16.6.20

Como ser ativista sem ter que ir a protestos


Na faculdade, tinha uma colega minha que é aquilo que é considerado uma verdadeira ativista. Sempre com a argumentação on point, sempre calma e assertiva, nunca levantava a voz, sempre bem informada sobre aquilo que defendia, e que levantava a mão sempre que alguma causa que merecesse ser abordada surgia em contexto de sala de aula - talvez tenha até mudado a mentalidade de alguns colegas (não de todos, porque não basta haver mensageiro, é preciso, como em tudo na vida, existir recetividade por parte dos ouvintes). Em manifestações, era a que levava o megafone, a que fazia os cartazes, e até ela própria já chegou a organizar alguns protestos.

Eu revia-me sempre nela e nas causas que ela defendia. Contudo, nunca participei numa manifestação nem sequer levantei a mão numa sala de aula para falar de algo. Sendo eu uma pessoa introvertida, nunca fez o meu estilo. Não gosto de aglomerados de pessoas e, sempre que posso, evito falar para um grande público (as apresentações de escola eram a minha noção de inferno). 

Será que sou, desta forma, menos ativista do que aqueles que escolhem sair para as ruas? Creio que não. Existem várias formas de ativismo, começando pelo facto de sermos bem informados, empáticos até outras opções que vou falar hoje, mais introvert-friendly e, nos tempos em que vivemos atualmente, mais covid-friendly


1. Trabalhem com o vosso próprio círculo social: Apesar de odiar falar para grandes públicos, pequenos grupos já não constituem um problema para mim. E, se são como eu, podem começar por apostar no vosso círculo social, de familiares e de amigos. Há quem ache que é fazer pouco, mas podem chegar longe assim, se conseguirem mudar a mentalidade nem que seja de um familiar, esse familiar irá falar com outras pessoas que, por sua vez, irão falar com outras. É, no fundo, ativismo em cadeia. Talvez a probabilidade de serem ouvidos até seja maior, tendo em conta que são pessoas que gostam de vocês e que, à partida, respeitam as vossas opiniões - é  muito diferente do que falar com um grupo de estranhos.

2. Publiquem nas redes sociais: As redes sociais são o melhor meio de chegar ao maior número de pessoas sem ter que sair de casa. Mas, cuidado, usem-nas bem. Não publiquem nada sobre o qual não estejam suficientemente bem informados. E publicar apenas quadrados pretos do Instagram, para ser contra o racismo, por exemplo, não é o suficiente. Partilhem coisas que façam pensar, nem que seja uma citação ou a sugestão de um filme. A chave aqui é serem o mais relevantes possíveis.

3. Doem: Esta é uma opção de ativismo para aqueles que têm a carteira mais recheada. Existem diversas associações hoje em dia que defendem o mais variado tipo de causas tudo, à maior parte das vezes, à distância de um clique na Internet. Desta forma estão mesmo a financiar para que ações concretas sejam tomadas. 

4.Voluntariem-se: Trabalharem no backstage também é serem ativistas. Podem não participar ativamente num protesto, mas podem ajudar a organizá-la. Podem voluntariar-se também em associações que, não tendo qualquer fim lucrativo, carecem muitas vezes de pessoas que as ajudem. 

5. Façam ou assinem petições: As petições, sobretudo online, são uma forma de protesto, às vezes, muito mais eficaz do que fazê-lo nas ruas. São números concretos que provam que um certo número de pessoas é contra algo que esteja a acontecer no mundo. Os protestos, infelizmente, por vezes são acusados de serem barulho "desnecessário", porém contra números não há desculpas que possam ser inventadas. 

6. Deixa o teu cartaz falar por ti: Se quiserem envolver-se em alguma manifestação, sem porém, terem de gritar ou estar no meio daquela gente toda, ponham-se numa janela ou à margem, façam um cartaz e deixem que ele fale por si. 

7. Defendam aquilo que acreditam todos os dias: Não adianta de nada fazerem todos os pontos que referi acima se, quando confrontados com determinada situação no quotidiano, não fazem nada. Se, por exemplo, são contra o racismo, pratiquem isso todos os dias, nada de olhares preconceituosos nem até simples proteger a carteira, porque "ai, é preto, pode roubar-me". Algumas coisas foram tão incutidas no nosso subconsciente que vai ser difícil, ao início, largar esses hábitos, mas é um esforço que temos que fazer todos os dias, que as nossas ações se adequem, cada vez mais, àquilo que defendemos. 

24 comentários:

  1. As ferramentas que utilizamos para defender determinada causa - ou causas - não têm que ser as mesmas, até porque temos que perceber aquilo em que somos fortes, para tornar a partilha mais consciente e significativa. Se eu sei que não me vou conseguir fazer ouvir em público, porque sou mais introvertida, então talvez não seja a melhor ajuda nesse sentido. Mas se, por outro lado, sei que tenho mais facilidade em expressar-me através das redes sociais, porque a minha mensagem vai chegar a mais pessoas, então é esse o meu caminho. Desde que façamos as coisas com o coração, pelos motivos certos, todas as formas são válidas.

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    1. Exatamente, temos que saber trabalhar com as nossas virtudes :).

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  2. Acho que é relativamente fácil ir passar umas horinhas num protesto. Difícil é manter os nossos valores e fazer a diferença diariamente, sem holofotes ou chamadas de atenção. Muitas das vezes, quem mais faz é quem menos é visto.
    Concordo plenamente que existem outras maneiras tão ou mais eficazes de defender os nossos pontos de vista e as causas em que acreditamos.

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    1. É fácil, dependendo da personalidade das pessoas :). Para mim é muito mais fácil atuar ao nível das redes sociais :).

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  3. Ao contrário daquilo que muitas pessoas dizem os meios nem sempre justificam, mas acho que a maneira como expressamos e expomos as nossas ideias são tão importantes como a causa propriamente dita!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

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    1. Sim, sem dúvida, é muito importante ter consciência disso, principalmente em manifestações, em que é tão fácil perder o controlo.

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  4. Sou sincera. todos temos que lutar pelos nossos direitos, mas nunca me convidem para manifestações. Não gosto de apertos nem confusões!
    -
    Escrevo ao anoitecer, quando me visitas

    Beijos e uma excelente noite! :)

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  5. Muita gente protesta só por protestar....e na realidade não faz nada mais do que isso...

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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    1. Infelizmente, há gente nos protestos que não devia estar lá...

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  6. Ótimo post! Ajudar é muito mais do que ir num protesto, tem que estar disposto todos os dias a combater esse male.

    Um beijo,
    Blog da Kitbox

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  7. A última vez que estive numa manifestação foi em Outubro de 2011. Subia ao poder Passos Coelho que em campanha eleitoral vendia a ideia que "chega" de austeridade e de PEC's, mas mal senta o cu no governo desata a cortar salários, subsídios, feriados e todo um sem número de direitos consagrados na Constituição.
    Mesmo sem companhia isso não me demoveu e resolvi ir à manifestação sozinho. E quando estamos sozinhos não temos a distração dos amigos. Observarmos tudo com muita atenção e ouvimos as conversas entre as pessoas. E eu ouvi tanta barbaridade que às vezes até me sentia envergonhado e perguntava-me que é que eu estava ali a fazer. Claro que quando vivemos tempos excecionais, e temos de ataques à liberdade e aos direitos temos que ir para a rua e não podemos ficar com o cu alapado no sofá, à espera que os outros se mexam por nós, mas sabem uma coisa? A melhor manifestação é manifestarem-se de quatro em quatro anos quando vos é pedido para votar. E se são contra o racismo então não votem em partidos que são racistas, que têm um discurso racista e xenófobo, ou que vos dizem que não há racismo em Portugal! Essa é a vossa melhor manifestação.

    Eu não gosto mesmo nada da democracia, tal como Sócrates, o filósofo grego, também não gostava, porque tal como ele defendia, se dermos o voto a toda a gente mal informada, não temos uma democracia, temos sim Idiotocracias em que se elegem figuras como Trump e Bolsonaro.
    Informem-se. Leiam os programas dos partidos. Não comam o que os média que representam uma determinada cor política vos dão a comer; não vejam telejornais com comentadores a higienizar as notícias como se fôssemos todos criancinhas de seis anos que não sabemos interpretar o que vemos. Pesquisem por vocês e agora é tão fácil com uma coisa que se chama internet e não sejam carneiros: tenham pensamento crítico! Essa é a melhor manifestação.

    http://bucolico-anonimo.blogspot.com/
    https://multi-resistente.blogspot.com/
    https://plastrao.blogspot.com/

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    1. Muitas coisas acertadas neste comentário. É muito importante votar, assim como ter pensamento crítico e, hoje em dia, com tanta informação, não há desculpas.

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  8. Muito isto!!! Eu não preciso de ir a manifestações para mostrar a minha opinião, há mais coisas que se podem fazer e não sou mais ou menos ativista por não o fazer. No meu círculo de amigos e pessoas conhecidas, não tenho problema nenhum em dizer o que penso sobre determinado assunto, mas coisas que envolvam mais pessoas não me fazem sentido. O importante é lutarmos pelos nossos direitos, defender as nossas crenças e está tudo bem, seja como for :)

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    1. Exato, o importante é defendermos aquilo que acreditamos, os meios ficam ao critério e personalidade de cada um :).

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  9. Acho importante essa questão em fazer valer nossos direitos , porém é uma pena que nem sempre há sucesso .

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  10. Lutar pelos nossos ideais é sempre salutar e louvável.
    .
    Um dia feliz
    Cumprimentos poéticos

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  11. Vidas negras importam, sim!
    Em tempos de quarentena, fica difícil ir aos protestos e arriscar nossa saúde. Boas dicas.
    Visite-nos:
    Make Beauty Close
    Beijos

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