"". Life of Cherry: Que tipo de controlo queremos nas nossas relações? !-- Javascript Resumo Automático de Postagens-->

30.1.18

Que tipo de controlo queremos nas nossas relações?

Reflexão Movie 36: Que tipo de controlo queremos nas nossas relações?

No início deste mês, vi o filme " Lady Bird", que neste momento está na corrida para os Óscars (com seis nomeações, incluindo a de melhor filme), e que deixou a minha mente num rebuliço com uma questão : o controlo, mais especificamente, a quantidade de controlo que ambicionamos ter (ou não ter) nas nossas relações.

Há uma lasca de desejo de controlo em todos nós, mas a forma como este se manifesta é diferente. Lady Bird tentou ganhar controlo ao ter o seu próprio pseudónimo, ao mudar de aparência, a saltar de relacionamentos em relacionamentos, ao separar-se das pessoas que amava, ao distanciar-se da cidade onde nasceu.

A sua mãe tentou ganhar controlo do que a rodeia. Tentou que a filha se vestisse de certa forma, se comportasse de certa maneira e fizesse certas escolhas que correspondessem mais às suas expetativas. Além disso, usou o marido para manipular as emoções da família, criando um ambiente instável e deixando a filha fragilizada numa relação que, apesar das boas intenções, não deixa de ser emocionalmente abusiva.

Por fim, o pai, Larry, controlou calmamente aquilo que sabia que podia controlar. Ajudou a filha a concorrer para universidades longe da sua terra natal. Ajudou o filho a arranjar uma entrevista para o emprego a que ele próprio estava a candidatar-se, com plena consciência que não podia controlar o processo de contratação.

A principal pergunta que aqui se coloca é que tipo de controlo queremos ter.  Que tipo de controlo queremos na nossa vida? Que tipo de controlo queremos nas nossas relações? Queremos controlar a nossa imagem e identidade de forma a corresponder às expetativas dos outros? Queremos controlar a vida dos outros de modo a que correspondam às nossas expetativas? Ou queremos aceitar que só podemos controlar a vida até certo ponto, e que o amor e a tolerância devem prevalecer? 

O controlo exercido nas pessoas é algo que se pode aplicar em qualquer tipo de relação, mas o filme salientou uma especificidade muito importante: o controlo nas relações familiares. As relações familiares são mais complexas que as outras relações. Se, por exemplo, se zangarem com o vosso marido/mulher, podem divorciar-se. Mas se acontecer o mesmo com um familiar, não se podem divorciar deste. Podem distanciar-se, mas os laços de sangue impedem que se se separem completamente. Eventualmente, irão ter que arranjar forma de resolver o conflito ou viverão para sempre angustiados com isso. " Lady Bird" abordou as complexas dinâmicas familiares de forma brilhante, dura e crua, sem floreados. 

Neste filme (e na vida) o pai de Lady Bird foi o que  melhor soube agir perante o controlo. Só podemos controlar as coisas até certo ponto. A partir daí, temos de abdicar do controlo para sermos mais felizes. Não podemos forçar as pessoas a pensar e/ou a comportarem-se da forma como desejamos. Em vez disso, permitir que as pessoas à nossa volta cometam erros, estejam desconfortáveis, sejam sinceras, comecem a voar a partir de determinado momento, e  nós estarmos lá para amparar as quedas, é a melhor maneira de as amarmos. 

Ver " Lady Bird" mostrou-me o quanto o amor incondicional pode ser confuso e, por vezes, até perturbador. Nós vemos aquilo que queremos para uma pessoa, em vez de vermos aquilo que essa pessoa quer para si. Ver a protagonista e a sua mãe a tentar criar uma ligação é uma lembrança vívida  que todos nós deveríamos usar para refletir acerca do modo como nos estamos a relacionar com aqueles que mais amamos.


( Post inserido no projeto " Movie 36", criado pela Lyne do blog "Imperium", em parceria com a Sofia do blog " A Sofia World" .  Participantes: Inês Vivas, " Vivus" ;  Vanessa Moreira, " Make It Flower";  Joana Almeida, " Twice Joaninha" ; Joana Sousa, " Jiji"  ; Alice Ramires, " Senta-te e Respira" ; Sónia Pinto, "By The Library" ;  Francisca Gonçalves, " Francisca"  ;  Inês Pinto, " Wallflower" ;  Carina Tomaz, " Discolored Winter";  Sofia Ferreira, " Por onde anda a Sofia?";  Sandra, " Brownie Abroad";  Abby, " Simplicity"; Sofia, " Ensaio sobre o Desassossego" )

26 comentários:

  1. Tinha visto o trailer e não gostei, mas, depois de toda a tua descrição do filme sem dúvida que tenho de o ver, vi as coisas de forma diferente e pelo que disseste parece-me ser um filme óptimo para percebermos como são os problemas das famílias.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O trailer não faz justiça ao filme, é mesmo muito bom, põe mesmo uma pessoa refletir.

      Eliminar
  2. Tenho que ver esse filme - já o tentei ver mas a qualidade de imagem não era a melhor e nos entretantos desisti mas quero voltar a tentar!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu estava tão curiosa na altura que vi mesmo com essa qualidade.

      Eliminar
  3. Eu ja vi muitos comentários sobre esta filha mas ainda não assisti.
    www.robsondemorais.blogspot.com.br

    ResponderEliminar
  4. Bela postagem....

    Por motivos profissionais, O Gil, poderá não conseguir chegar a todos. Motivo por qual estou aqui.
    Deixo-vos com:- *As máscaras da ilicitude.*
    -
    Bjos
    Votos de boa noite

    ResponderEliminar
  5. Não conhecia o filme mas fiquei mesmo curiosa! Tem todo o aspeto de ser o tipo de filmes que me atrai! Vou juntar à minha lista :D

    Daniela.

    ResponderEliminar
  6. Estou a seguir os filmes que estão nomeados para os Óscares e a tua descrição deixa-me curiosa porque me identifico na parte das fragilidades dos relacionamentos familiares. Mas no fim do dia continua a ser... Família! Beijinho!

    ResponderEliminar
  7. É muito mais fácil (para a nossa felicidade e para a nossa sanidade) quando compreendemos que não temos controlo sobre tudo. Somos humanos e temos limitações. Além de que, muitas vezes, esse controlo negativo acaba por provocar o oposto daquilo que pretendiamos.
    Não vi o filme, mas pela tua descrição também senti que o pai foi o mais sensato. Porque percebeu até onde podia ir. O que é que estava ao seu alcança e o que é que passava dessa linha. Gerir relações (sejam elas de que natureza forem) é complicado, e ainda mais será se procurarmos controlar as pessoas ao segundo. É desgastante. E não faz qualquer sentido!

    r: Exatamente, cada pessoa tem o seu ritmo e as suas prioridades. Não temos que ir por determinada direção só porque a maior parte vai. Há lugar para todos, desde que nos saibamos respeitar e aceitar que somos diferentes

    Beijinhos*

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É mesmo desgastante e acaba por destruir relações em vez de fortalecê-las.
      Nem mais. O respeito e a tolerância são o mais importante.

      Eliminar
  8. Tenho mesmo de o ver, já estava curiosa e ainda fiquei mais.
    É como tu dizes, só podemos controlar até certo ponto e não podemos querer para outra pessoa o que ela não quer para si, está tudo diretamente ligado ao respeito e à nossa própria liberdade, aprendi muito em relação a isto.

    ResponderEliminar
  9. "Só podemos controlar as coisas até certo ponto. A partir daí, temos de abdicar do controlo para sermos mais felizes. Não podemos forçar as pessoas a pensar e/ou a comportarem-se da forma como desejamos." não podia concordar mais com esta frase! O pior é que por vezes os pais ou familiares acham que com o controlo conseguem ter tudo na linha mas só estão a causar infelicidade a vários membros. Já vi este filme e gostei bastante da abordagem, é um conteúdo diferente de se ver, e também bastante essencial!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As pessoas não gostam do que é imprevisivel, pelo que o controlo lhes dá uma sensação dr segurança que na verdade não existe. É por isso que amar é complicado.

      Eliminar
  10. Vejo muito pouco cinema. Gosto mais de desporto. Mas concordo que existem bons filmes
    .
    tema de hoje

    * Campos ondulando em flor, afectos infinitos *
    .
    Votos de um dia feliz.

    ResponderEliminar
  11. Vou juntar à lista de filmes a ver nos próximos dias.
    Obrigada pela partilha :)
    Beijinho

    ResponderEliminar
  12. Quero ver este filme, sem dúvida :)

    ResponderEliminar
  13. Não vi o filme, mas segundo as tuas descrições, também me parece que o pai foi o melhor a definir o seu controlo. Controlou o que realmente estava ao alcance dele, mais ou menos a postura que tento manter.

    THE PINK ELEPHANT SHOE // Ganha um gekkopod e um comando bluetooth para as tuas fotos!

    ResponderEliminar
  14. Ainda não vi este filme, vou adiciona-lo à minha lista p assistir.
    Beijinho

    doce-branca.blogspot.pt

    ResponderEliminar
  15. Ainda não o vi, mas como já tinha dito está na lista para ver :)
    Acho que as relações familiares são das mais complexas que podem existir. Se por um lado o amor incondicional é algo que não dispensamos, por outro lado este pode muitas vezes manifestar-se nessa tentativa errada de controlo. Não é que as pessoas o façam propositadamente, porque muitas vezes nem devem dar conta, mas ao tentar moldar quem amam por motivos que lhes parecem válidos só afastam essas pessoas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É mesmo isso, as pessoas muitas vezes fazem-no inconscientemente, por achar que é para o bem da pessoa.

      Eliminar
  16. Parece-me um filme muito interessante, talvez por retratar a realidade de muitas famílias - seja a mãe que se revê na filha, seja o pai que acha que sabe o que é o melhor para os filhos, seja o irmão mais velho que "manda" no mais novo...felizmente não passo por esse tipo de "controlo" ou abuso, mas suponho que é uma questão de responsabilidade. Confesso que é um medo que tenho relativaente à minha futura família, porque sou um bocado control freak e gosto de saber sempre que as melhores decisões estão a ser tomadas, por isso tenho consciência que vou ter que amenizar esse meu lado para permitir à minha família que siga o seu rumo, como eu tive oportunidade de fazer.

    Jiji

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho muito importante que existam filmes a abordar estas temáticas, para oferecer consolo e apoio às pessoas que estão nesta situação.
      Eu também sou um bocado obcecada pelo controlo e, por isso, também tenho esse receio.

      Eliminar
  17. Isto é muito verdade. As expectativas que colocamos tanto em nós como nos outros (que raramente são cumpridas :P ) têm um peso enorme na nossa vida. É bom ter uma noção e necessidade de controlo até certo ponto - afinal, é isso que nos faz tomar as rédeas da nossa vida, tomar as nossas decisões e não ficar à espera nem à mercê de nada nem ninguém. Mas como em tudo na vida, tem de ser q.b. Há coisas que efetivamente não controlamos e mais vale confiar... ;)
    Mais um excelente post, Cherry!


    Claudia - Mulher XL
    www.mulherxl.pt

    ResponderEliminar