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16.11.17

O que o feminismo (não) é


De cada vez que alguém diz " Eu sou feminista", muitas pessoas entram em pânico e fogem ( muitas vezes literalmente). Existem tantos mitos e definições falsas sobre o feminismo que até dói. Isto tudo é faz com que as pessoas tenham medo de se afirmar feministas e rejeitem este movimento. Mais grave ainda é quando são as próprias mulheres a rejeitar este movimento. Foi por causa destas e de muitas outras coisas que eu demorei muito tempo a afirmar-me como uma apesar de, inconscientemente já o ser.

Parece-me estúpido que haja tanta revolta e discussão à conta de um conceito que defende nada mais nada mesmo do que a igualdade de géneros. É uma coisa tão simples, que devia ser senso comum e, no entanto, as pessoas complicam e fazem um debate todo à volta de algo que devia ser apenas a norma. Mas não o é porque, apesar de todos os protestos, discussões e publicações que se têm feito sobre o tema, há quem continue em insistir em deturpar o feminismo e perpetuar o sexismo. Por isso, vamos esclarecer o que é que o feminismo (não) é, de uma vez por todas.


1. O feminismo é odiar os homens: Este é o maior mito de todos. Muita gente pensa que as feministas querem lutar pelos seus direitos e que, para isso, têm que odiar os homens e ser superior a eles. O feminismo não é nada disso. O feminismo defende a igualdade de géneros, ou seja, o principal objetivo do movimento é tornar o mundo num lugar justo para toda a gente, em que a igualdade e o respeito predominem, independentemente do sexo.

2. Não é estar a fazermo-nos de vítimas: Até dói ouvir que parte da razão pela qual muitas pessoas rejeitam-se a ser feministas é porque não querem " fazer-se de vítimas". Dizer isto aos feministas significa que também estão a ignorar as pessoas que são abusadas e/ou que vêem os seus direitos diminuídos à conta do sexismo. O feminismo é expor as injustiças que são cometidas a mulheres, na esperança que se faça alguma mudança. Lutamos pela defesa dos direitos das mulheres da mesma forma que lutamos pelos direitos da comunidade LGBTQ, pelas pessoas de várias etnias e raças, pelas pessoas com deficiências e muitas mais.  Defender os direitos de outros seres humanos não é desempenhar o papel de vítima, é fazer aquilo que é correto. 

3. Não é um movimento extremista: Há um grupo (felizmente pequeno) de feministas que são assim um bocado extremistas, histéricas até, e que acabam por manchar a imagem do movimento todo, fazendo com que se criem mais mitos. São as que dizem às mulheres para pararem de se maquilharem, para se pararem de depilarem, para pararem de usar desodorizante, e muitas outras coisas que, além de parvas, tiram credibilidade a este movimento. A essas mulheres eu digo " O que é que o meu corpo tem a ver com o movimento?". Que eu saiba o corpo é meu, e eu faço aquilo que eu quero com ele. Se eu quiser depilar-me, maquilhar-me e muitas outras coisas, estou no meu direito. Assim como quem não quer também o está. Afinal, estamos aqui para defender direitos e igualdade, e igualdade significa que somos livres para decidir aquilo que é ou não é atraente, e somos livres para fazer aquilo que queremos com o nosso corpo.

4. Não é querer um tratamento especial/privilégios: Há quem diga que nós queremos é ser tratadas de forma diferente, que queremos ser mais que os outros, e termos privilégios. Ter os mesmos direitos que os homens não é um privilégio. A igualdade não é um privilégio. Ter autonomia em relação ao nosso próprio corpo não é um privilégio. Exigir salários iguais aos dos homens não é um privilégio. Isto tudo não são nada mais nada menos do que direitos básicos.

5. Não é destruir o conceito tradicional de casamento: O movimento feminista não pretende acabar com os papéis tradicionais dos géneros no casamento e na educação das crianças. As feministas não pretendem divorciar-se e/ou virar lésbicas, não é isso que está em questão. Se fazes parte de um casal hetero a educar uma criança, está tudo bem. Se és lésbica e queres adotar uma criança, também está bem. O feminismo é um movimento que pretende incluir pessoas com todo o tipo de preferências e interesses.

6. Não é andar por aí feitas malucas e zangadas: Apesar de existirem muitas feministas zangadas e loucas ( provavelmente por uma boa razão, porque estão fartas de não serem levadas a sério), nem todas nós somos assim. Como em tudo na vida, para defender aquilo em que acreditamos temos que fazê-lo de uma forma educada e respeitadora.

7. Não é inventar problemas onde eles não existem: Muitos portugueses dizem isto porque vivemos num país em que estes problemas nem têm muita dimensão ( apesar de ainda existirem muitas desigualdades, nomeadamente no que diz respeito aos salários e à forma como as mulheres ainda são tratadas), porque se tivessem num país em que tivessem de lutar para estudar, para exprimir a vossa opinião ou até simplesmente para usar uma roupa mais reveladora, eu queria ver se diziam o mesmo.  A diferença entre géneros é um problema grave que ainda existe e, como tal, tem que ser resolvido. E não vai ser resolvido se continuarmos a tentar " abafar" a situação e fazer de conta que está tudo bem. É necessário falar e lutar, principalmente por aqueles que não podem fazer o mesmo.


Estão a ler esta publicação graças ao facto de, no passado, muitas pessoas terem lutado pela mudança. Se hoje vivemos num ambiente com mais tolerância e mais igualdade ( apesar de ainda se ter que evoluir mais nesse sentido) foi por causa de pessoas que, conscientes da sua importância, abraçaram o feminismo. Portanto, larguem os vossos receios em relação a este conceito e abracem-no também.

39 comentários:

  1. Adorei o teu texto, será esclarecedor para muita gente certamente. As pessoas só conseguem ver o lado negativo das coisas, é triste...

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    1. Obrigada :). É mesmo triste, há pessoas que conseguem deturpar tudo...

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  2. É incrível como as pessoas rejeitam aquilo que não conhecem. E, pior, as conclusões que retiram sem se informarem sobre o assunto. Acaba por ser assustador, porque tendem a distorcer por completo os conceitos.

    r: Assim não sofro sozinha :p ahahah
    É mesmo interessante perceber a forma como as três vidas se cruzam e as repercussões que isso tem. E, além disso, é um livro que se lê facilmente*

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    1. As pessoas têm muito medo do desconhecido, por isso rejeitam logo o que não conhecem. Mas enerva-me mesmo que formem em opiniões baseadas em mitos. Eu antes de formar uma opinião tento informar-me sempre sobre as coisas.
      Para não te afogares sozinha afogas os outros ahahah xD.
      O conceito do livro parece ser mesmo interessante, o facto de se centrar na história de três gerações.

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  3. Na resposta à Andreia disseste tudo, as pessoas têm medo do desconhecido! e é verdade. Muita gente não sabe o que é, o que não é o feminismo.
    Parabéns pelo texto :)

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  4. Como em tudo na vida existem pessoas que criticam e pessoas extremistas. Nem todas temos que ser assim para nos afirmarmos. Adorei o post e dou-te toda a razão! Beijinhos*

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  5. Ótimo post! Sabes informar as pessoas e isso é excelente! Realmente devíamos abraçar este movimento e levá-lo mais além. Acredito que as coisas hão-de mudar para melhor!
    Beijinho, Ana Rita*
    BLOG: https://hannamargherita.blogspot.com/ || INSTAGRAM: @rititipi || FACEBOOK: https://www.facebook.com/margheritablog/

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  6. Aonde é que assino?! :P Penso exactamente da mesma maneira e custa-me ver tanto desrespeito e avacalhamento de algo tão importante para nós mulheres!

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    1. Para nós mulheres e não só, é importante para todos nós :).

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  7. De há uns tempos para cá, parece que toda a gente decidiu que o feminismo é querer ser mais que os homens. Eu estou totalmente de acordo contigo, este texto podia ter sido escrito por mim :)

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  8. A maior parte das pessoas limitam-se a criticar sem justificar sem debater, isso não é criticar. Isso é apenas uma atitude triste e com falta de inteligência.. e cada dia as pessoas utilizam as redes sociais para isso, é muito triste esta falta de cultura de saber apenas acusam e acham-se os maiores do mundo! Para haver uma acusação tem de haver um justificação justa, clara e plausível! Beijinhos** e continua assim :)

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    1. É, muitas pessoas põem-se a falar sem terem conhecimento da causa. É mesmo triste.

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  9. Tens toda a razão... E a maioria das pessoas que diz barbaridades é porque 1) é homem e não sente na pele ou 2) se calhar nunca passou por certas situações ou nem tem ideia que acontecem...
    Por exemplo aqui na Holanda sinto-me muito menos assediada do que em Portugal e é fantástico mas devia ser apenas o normal!
    Aqui existe um coisa que se chama "papa dag" ou seja o dia do pai que é o dia em que o pai fica com os putos em casa (por norma quarta a escola acaba mais cedo e os pais assumem esse dia para ir buscar e cuidar), é algo simbólico mas muito embutido na cultura! vês pais a passear carrinhos de bebés sozinhos, a correr com os carrinhos, a levar e buscar os putos à escola, muito mais do que vejo em Portugal...
    Mesmo assim ainda temos sorte que na Europa muito se faz mas até estarmos de facto em igualdade vale sempre a pena lutar!

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    1. Concordo, é mesmo por uma dessas situações.
      Desconhecia essa tradição engraçada da Holanda, é muito giro :). Podiam fazer isso aqui em Portugal, era uma maneira de incitar mais a mudança.
      Lá isso é verdade, existem muitos países, principalmente lá para os lados do Oriente onde as coisas estão bem piores.

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  10. Infelizmente, há pessoas que só veem o lado negativo das coisas e isso deixa-me mesmo triste!
    O teu texto está fantástico e super esclarecedor, parabéns! :D

    amarcadamarta.blogspot.pt

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  11. Que texto incrível, Cherry! É muito isto. Eu penso exatamente como tu. Há muitos dos pontos que referiste (como os 4 primeiros), que me fazem imensa confusão quando me deparo com frases do género. Acho que é muito importante falarmos sobre o feminismo e retirarmos os estigmas da sociedade em relação a isto, para que todos, juntos, consigamos alcançar os mesmos direitos.
    Beijinhos

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    1. Muito obrigada Nani <3. A mim também me faz imensa confusão, fico revoltada quando oiço barbaridades destas. É mesmo muito importante compreendermos o conceito para ver se, um dia destes, consigamos alcançar todos os mesmos direitos.

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  12. Adoro o texto! Acho que abordaste os principais mitos e confusões em relação a este movimento.
    Só há cerca de um ano (pouco mais ou menos) é que tomei consciência de o ser. Não digo tornar-me porque me apercebi de que fui educada num ambiente feminista (apesar de também eles não terem noção disso) porque é como dizes, feminismo é defender a igualdade de género, e isso é algo que sinto que sempre me foi transmitido.
    (até vou partilhar o teu post no facebook, só porque está mesmo espetacular)

    r: obrigada pelo comentário que deixaste no meu blog (Flor do Mar)

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    1. Muito obrigada :).
      Eu sinto que muitas pessoas felizmente já o são inconscientemente, só que não conhecem é o nome.
      Oh, obrigada :).

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  13. Só tenho uma coisa a dizer acerca deste post: obrigada!

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  14. O feminismo não é nada disto, de facto. Ultimamente surgiu e tem crescido uma enorme onda de revolta das mulheres em relação a tudo e todos e a reivindicar este mundo e o outro, classificando isso de Feminismo. É importante, sim (e muito necessário) defendermos os nossos direitos, mas sem exageros.

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    1. E, infelizmente, são essas mulheres que estão a deturpar o verdadeiro significado deste movimento.

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  15. Acho que conseguiste mostrar muito bem o movimento, e espero realmente que as pessoas leiam e percebam o que é realmente o feminismo. Eu sou a favor da igualdade, tanto para nós mulheres, como para todas as pessoas, sejam elas de outra raça, tenham outra orientação sexual, ou algum problema físico ou mental, todos mereçamos ser respeitados e tratados com igualdade.

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  16. Tiro-te o chapéu, Cherry! Este post há muito que precisava de ser feito por alguém - obrigada por o teres feito.
    Como deve ser do teu conhecimento, eu sou feminista e, infelizmente, muitos dos meus amigos (incluindo até raparigas) quase que me censuram sempre que algum assunto sobre igualdade de género vem à baila. Muito obrigada mesmo, Cherry.
    Beijinho grande.

    nouw.com/kika

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    1. Muito obrigada :).
      Também me censuram quando digo abertamente que sou feminista( não os meus amigos, mas outras pessoas), por isso compreendo-te perfeitamente.
      Beijinhos

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  17. Adorei o post! xx

    www.flu-ffy.blogspot.pt

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  18. Obrigada por esta publicação, acho que devia ser lida por muitos homens e muitas mulheres.
    Ultimamente fala-se muito do feminismo e o pior é que falam mal, não conhecem e pensam logo que é movimento contra os homens.
    Uma questão que também falaste e me "irrita" de certa forma é a questão da depilação, etc, isso para mim não é ser feminista, é um gosto e uma opção, eu depilo-me porque quero, porque para mim é mais higiénico, porque me sinto melhor. Tal, como dizes, o corpo é meu e eu sou livre de fazer ou não fazer x.
    Sinceramente, foste tão bem explícita que não tenho muito mais a acrescentar ao que tu escreveste. Parabéns.

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    1. O pior é mesmo isso, é que falam do feminismo sem compreender realmente o conceito, deviam informar-se antes de falar.
      Exatamente, o facto de nos depilarmos ou não não tem nada a ver com feminismo, é uma questão de preferência.
      Muito obrigada :).

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  19. Finalmente alguém com quem partilho 100% da opinião! Concordo tanto com tudo que aqui disseste!!! Vou partilhar este texto porque está simplesmente incrível e tao bem explicado!

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  20. Este post é mesmo necessário!
    A maior parte das pessoas parece pensar que quando eu censuro pessoas que com os seus argumentos estão a ser demasiado extremistas e dizer o género de coisas que citaste no ponto 3 então isso significa que eu não sou feminista... e depois eu tenho de lhes explicar que feminismo não é isso. Que uma mulher pode ser feminina (usar saias/vestidos, maquilhagem, depilar-se, etc...) e feminista.

    Beijinhos

    Buongiorno Principessa - https://miasteixeirapinto.wixsite.com/buongiorno

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    1. Exato, ser feminista não implica que tenhamos que deixar de ser femininas, isso tem mais a ver com a personalidade e gostos de cada uma.

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  21. Bem dito! já tinha feito um post sobre isso e não podia concordar mais :)

    themerrymarie.blogspot.com<

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  22. Eu compreendo este conceito, e o que tu descreveste é de facto o conceito de feminismo, o que eu não compreendo é que na prática poucas são as feministas que se regem por estes valores. Principalmente as feministas que são figuras publicas, chegam a roçar por vezes o ridículo em certos comentários que fazem, enquanto a representação do feminismo forem essas mulheres que defendem um ideal estúpido e que o intitulam de feminismo nunca conseguiremos impor os nossos ideais. Eu sinceramente acho que há tantos críticos deste movimento porque por vezes não temos as pessoas certas para falar dele, para dar a cara, para explicar os nossos valores e o que realmente deve ser mudado.
    Bom testo, beijinho :)

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    1. Existem muitas figuras públicas que não sabem o que o feminismo realmente é e fazem comentários ridículos, mas também existem muitos que defendem este movimento como deve ser, como O Barack Obama, a Angelina Jolie, a Emma Watson ( ela, particularmente, já fez muitos discursos bons sobre o tema), o Ryan Gosling... Felizmente a lista ainda é longa. O que problema é que a lista também é muito longa do lado que critica.
      Obrigada :).

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